Cura da AIDS - O que se sabe [COLETÂNEA DE MATÉRIAS]

Revista Super Interessante traz reportagem especial sobre os avanços rumo à cura da aids




29/07/2013 - 17h

Com o título “Enfim, a cura da aids”, a revista Super Interessante do mês de agosto já está nas bancas e traz os bastidores sobre como 16 pacientes venceram o HIV. A reportagem aborda técnicas como a expulsão do vírus, tratamentos ultraprecoces, transplantes e modificações genéticas.

Segundo Super Interessante, no último ano, vários grupos de pesquisadores comprovaram que é possível expulsar o HIV de seus esconderijos e jogá-los de volta na corrente sanguínea – de onde ele poderia ser eliminado, livrando completamente o vírus do organismo.

Essa possibilidade começou a se desenhar em 2006, quando o governo norte-americano autorizou a venda do medicamento Vorinostat. Esse remédio foi criado para tratar o linfoma cutâneo de células T, um câncer no sistema imunológico, mas recentemente passou a ser usado em pesquisas para despertar as células T adormecidas de portadores do HIV. Com isso, as cópias do vírus escondidas acordaram e ficaram vulneráveis à ação dos antirretrovirais.

Outra técnica abordada na reportagem é o transplante. O norte-americano Timothy Ray Brown recebeu, em 2009, a medula de uma mulher que não produzia a proteína CCR5. E sem essa proteína, o vírus HIV não conseguiu entrar nas células, fazendo com que o paciente pudesse parar de tomar os medicamentos antirretrovirais sem que a doença se desenvolvesse. Brown, conhecido como “Paciente de Berlim”, foi considerado o primeiro a se curar da aids.

Em março deste ano, pesquisadores do Instituto Pasteur, de Paris, apresentaram a cura funcional de 14 pacientes franceses portadores do HIV. Ou seja, ainda carregam o vírus, mas não desenvolvem aids, mesmo tendo parado de tomar o coquetel antirretroviral. Esses pacientes começaram a tomar os remédios antiaids no máximo 70 dias depois da infecção, o que limitou a entrada do vírus nos esconderijos, permitindo que depois de alguns anos em tratamento antirretroviral, o coquetel fosse interrompido e o vírus deixasse de se replicar.

De acordo com a reportagem, existe ainda uma nova frente promissora em relação à cura da aids. A ideia é modificar geneticamente o corpo humano para torná-lo resistente ao vírus. A técnica já foi testada em alguns algumas pessoas, como no paciente de Trenton (EUA). Ele recebeu as células modificadas e parou de tomar os antirretrovirais. Num primeiro momento, a quantidade de vírus no sangue dele disparou. Mas em seguida despencou, até zerar.

Apesar das boas expectativas em relação às possibilidades de cura da aids, Super Interessante ressalta que a prevenção e o sexo seguro (com camisinha) continuam sendo essenciais.

“Para de fato vencer a aids, a humanidade terá de apelar para as armas mais poderosas que existem: a inteligência e o bom senso. Afinal, se o vírus pode evoluir, nós também”, finaliza a revista.

Redação da Agência de Notícias da Aids


USP desenvolve vacina que pode significar a cura da AIDS



  Cientistas brasileiros desenvolveram uma vacina que poderia prevenir o contágio com HIV.
  Conhecida como HIVBr18, a vacina protegeria as pessoas de contrair o vírus causador da AIDS. Ela foi desenvolvida e patenteada por uma equipe da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O plano inicial é testar a nova vacina ainda este ano.
Os pesquisadores disseram que, em seu estágio atual de desenvolvimento, a vacina não consegue eliminar totalmente o vírus do organismo humano. No entanto, ela é capaz de mantê-lo em uma carga viral suficientemente baixa para que a pessoa infectada não desenvolva a imunodeficiência e nem transmita o vírus para outras pessoas.
A Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que está patrocinando o estudo, disse que os ensaios com macacos são esperados para durar dois anos.
Os cientistas planejam testar a vacina em diversos macacos Rhesus, fornecidos pelo Instituto Butantan.
  O professor Edécio Cunha Neto, disse: “Nosso objetivo é testar vários métodos de imunização para selecionar o capaz de induzir uma resposta imunológica mais forte e, portanto, ser capaz de testá-la em humanos”, ementrevista ao DailyMail.
  Uma vez que os testes em macacos estiverem concluídos, os pesquisadores então, buscarão financiamento para apoiar os testes clínicos com seres humanos voluntários.
A equipe de investigação, incluindo Cunha Neto, Jorge Kalil e Simone Fonseca, estuda o projeto desde o ano de 2001.
O macaco Rhesus foi escolhido para o ensaio porque seu sistema imunitário é semelhante à dos seres humanos. Eles são muito susceptíveis ao SIV, e acredita-se que eles possam ter sido portadores de HIV antes dos vírus terem pulado a barreira e infectado seres humanos.

Os cientistas, baseados no Hospital Universitário de Aarhus, na Dinamarca, afirmaram que seria possível curar, se todos os ensaios clínicos confirmarem a técnica, uma pessoa com HIV por valores muito acessíveis.
No início de 2013, uma equipe de cientistas dinamarqueses começou os ensaios clínicos com uma nova técnica de remoção dos vírus do HIV a partir do DNA humano, permitindo que eles sejam destruídos naturalmente pelo sistema imunológico do corpo.
Atualmente, 33 milhões de pessoas estão contaminadas em todo o mundo.

Pesquisadores brasileiros pedem cautela sobre cura da aids e afirmam que reportagem da Superinteressante não traz grandes novidades




30/07/2013 - 13h30

Pesquisadores ouvidos pela Agência de Notícias da Aids disseram que a reportagem “Enfim, a Cura da Aids”, da revista Superinteressante, não está atualizada e reforçam que as melhores estratégias na luta contra o HIV continuam sendo a prevenção e a adesão ao tratamento. Na edição de agosto, a revista aborda técnicas como a expulsão do vírus, tratamentos ultraprecoces, transplantes e modificações genéticas que conseguiram “curar” alguns pacientes.

Para o infectologista e professor da Universidade Federal de São Paulo Esper Kallás, a reportagem é sensacionalista. “A cura nunca esteve tão próxima, segundo a reportagem, mas isso ainda não é uma realidade”.

De acordo com o texto, no último ano, vários grupos de pesquisadores comprovaram que é possível expulsar o HIV de seus esconderijos e jogá-los de volta na corrente sanguínea – de onde ele poderia ser eliminado, livrando completamente o vírus do organismo.

Essa possibilidade começou a se desenhar em 2006, quando o governo norte-americano autorizou a venda do medicamento Vorinostat. Esse remédio foi criado para tratar o linfoma cutâneo de células T, um câncer no sistema imunológico, mas recentemente passou a ser usado em pesquisas para despertar as células T adormecidas de portadores do HIV. Com isso, as cópias do vírus escondidas acordaram e ficaram vulneráveis à ação dos antirretrovirais. 

No entanto, Kallás contesta esta informação. “Esse medicamento não pode ser usado na cura da aids. Essa droga já foi testada em estudos experimentais em macacos e apresentou uma grande toxidade”, explicou.

Outra técnica abordada na reportagem é o transplante. O norte-americano Timothy Ray Brown recebeu, em 2009, a medula de uma mulher que não produzia a proteína CCR5. E sem essa proteína, o vírus HIV não conseguiu entrar nas células, fazendo com que o paciente pudesse parar de tomar os medicamentos antirretrovirais sem que a doença se desenvolvesse. Brown, conhecido como “Paciente de Berlim”, foi considerado o primeiro a se curar da aids.

Em março deste ano, pesquisadores do Instituto Pasteur, de Paris, apresentaram a cura funcional de 14 pacientes franceses portadores do HIV. Ou seja, ainda carregam o vírus, mas não desenvolvem aids, mesmo tendo parado de tomar o coquetel antirretroviral. Esses pacientes começaram a tomar os remédios antiaids no máximo 70 dias depois da infecção, o que limitou a entrada do vírus nos esconderijos, permitindo que depois de alguns anos em tratamento antirretroviral, o coquetel fosse interrompido e o vírus deixasse de se replicar.

Kallás ressalta que essa informação não é nova. Segundo o pesquisador, “muitos estudos já provaram que quanto mais cedo se inicia o tratamento contra o HIV, mais o organismo é preservado”.

Gean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emilio Ribas de São Paulo, considera que temos que ser cautelosos quando o assunto é a cura da aids. “Os estudos indicam algumas possibilidades em situações especiais, mas não é algo que podemos estender para todas as pessoas infectadas pelo vírus HIV”, disse.

O infectologista reforça que a prevenção e a adesão ao tratamento antirretroviral ainda são as melhores armas na luta contra o HIV. “Para conseguir bons resultados, o paciente soropositivo precisa não só de medicações adequadas, mas do uso regular delas, assim o tratamento será um sucesso”.

O ativista e editor do Boletim Vacinas Anti HIV/Aids, Jorge Beloqui, também não vê grandes novidades na reportagem. “Essas técnicas já foram abordadas e discutidas em nosso boletim”, comentou.

Na edição de março de 2012, o Boletim Vacinas Anti HIV/Aids apresenta como possíveis abordagens para erradicação da doença o inicio precoce do tratamento antirretroviral, antes que os reservatórios virais estejam plenamente estabelecidos; a intensificação da terapia antirretroviral para parar a replicação do HIV residual; a ativação das células T em repouso para purgar ou expulsar vírus latentes; manter a latência para silenciar permanentemente o DNA proviral; a eliminação ou a incapacitação das células T em repouso infectadas pelo HIV; proteger células infectadas contra a entrada viral e fortalecer a resposta do sistema imunitário ao HIV.

Já para o infectologista José Valdez Madruga, do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo (CRT), a reportagem é boa, mas a cura não chegou ainda. “É importante manter a expectativa de cura, pois há cinco anos não tínhamos perspectivas nesse sentido. Hoje, alguns estudos já apresentaram bons resultados, mas existe apenas a cura funcional quando o paciente é tratado precocemente, e não a cura real”, comentou.

Dr. Madruga conta que depois da publicação de Superinteressante vários pacientes já o procuraram para dizer que querem tomar o Vorinostat, mas ele tem explicado que, apesar dos estudos, esse remédio não é capaz de curar a aids.

Talita Martins

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