Prepúcio Sagrado

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Circuncisão de Cristo
O Prepúcio sagrado (em Latim præputium) é uma das muitas relíquias católicas relacionadas com a figura de Jesus Cristo. Trata-se, alegadamente e como o próprio nome indica, do prepúcio de Jesus Cristo, retirado do seu corpo durante a circuncisão, ritual a que o povo judeusubmete todos os seus rapazes. Por diversas vezes ao longo da história, houve várias igrejas ou catedrais a reclamar a sua posse, algumas ao mesmo tempo. Há vários milagres atribuídos a esta relíquia.

História e ocorrências

A primeira ocorrência conhecida do prepúcio sagrado aparece na Idade Média na Abadia de Charroux, em França, apresentada aos monges porCarlos Magno, rei de França e Imperador do Sacro-Império Romano-Germânico. Segundo a lenda, a relíquia foi entregue ao piedoso rei por um anjo, embora outras versões reclamem a origem como um presente da Imperatriz Irene de Bizâncio. No princípio do século XII, esta versão do prepúcio sagrado foi levada para Roma e apresentada ao Papa Inocêncio III, a quem foi pedido um veredito sobre a sua autenticidade. Com prudência, Inocêncio recusou pronunciar-se. Já no século XVI, o seu sucessor Clemente VII declarou que o prepúcio sagrado era uma relíquia verdadeira e fruto do corpo de Jesus, concedendo indulgências aos peregrinos que viessem prestar homenagem. Os opositores da Igreja, contam que pouco tempo depois, em 1527, durante o saque de Roma pelas tropas de Carlos V, Imperador da Áustria, surgiu nova prova de legitimidade. Os soldados trouxeram uma rapariga virgem perante o relicário e, alegadamente, o prepúcio exibiu as suas propriedades milagrosas ao aumentar de volume de forma considerável. [carece de fontes] A dada altura, a relíquia desapareceu até ser encontrada em 1856 por um operário que trabalhava no restauro da Abadia.
Papa Clemente VII, que declarou a autenticidade do santo prepúcio
Outra menção histórica e concorrente do prepúcio sagrado pertence à Abadia de Coulombs, da diocese de Chartres, em França. A relíquia teve um papel importante na vida da princesa de França Catarina de Valois, então casada com o rei Henrique V de Inglaterra. Estando grávida pela primeira vez em 1421, e certamente ansiosa, a princesa mandou buscar o relicário para encontrar conforto espiritual. Dizia-se então que as emanações sagradas da relíquia garantiam um parto indolor e prometiam saúde de mãe e filho. Henrique VI de Inglaterra veio ao mundo sob esta influência milagrosa.
Voltaire, no seu Tratado sobre a Tolerância de 1763, refere com ironia que a veneração do prepúcio sagrado era uma prática muito mais razoável que a de detestar e perseguir o próximo ([1]).
São conhecidos outros verdadeiros prepúcios sagrados reclamados em dada altura pelas catedrais de Puy-en-Velay, Santiago de Compostela,AntuérpiaBesançonMetzHildesheim e Calcata. A versão do prepúcio pertencente a esta última foi exibida perante os fiéis numa procissão anual até1983, quando o precioso relicário e o seu sagrado conteúdo foram roubados desta igreja italiana.

Considerações teológicas e científicas

Para não mencionar as questões evidentes que a conservação de uma porção de pele com cerca de 2000 anos representa, as objeções mais capazes à veracidade do prepúcio sagrado são de ordem histórica. O fato de várias igrejas reclamarem possuir o sagrado prepúcio, sendo que o menino Jesus era um só; o aparecimento tardio da relíquia (século IX) e o enredo fantasioso que envolve suas origens já deveriam servir para o descrédito da relíquia.
Ao longo do século XX, com o advento da tecnologia científica e o respectivo espírito crítico que esta acarreta, a Igreja Católica distanciou-se do culto das relíquias em geral, incluindo o prepúcio sagrado. Em comunicações oficiais, o Vaticano exprimiu a opinião de que o prepúcio mais não é do que uma lenda de devotos, que no entanto deverá ser respeitada.

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