Doença inflamatória pélvica

A inflamação pélvica (salpingite) é uma inflamação das trompas de Falópio, geralmente causada por uma infecção.
 
As trompas de Falópio são estruturas tubulares que se estendem desde a parte superior do útero até cada ovário. (Ver imagem da secção 22, capítulo 231)
A inflamação das trompas de Falópio acontece sobretudo em mulheres sexualmente activas. As que usam dispositivos intra-uterinos (DIU) estão especialmente expostas. A inflamação é o resultado de uma infecção bacteriana, que costuma começar na vagina e que se propaga ao útero e às trompas. Estas infecções raramente aparecem antes da primeira menstruação (menarca), depois da menopausa ou durante a gravidez. Em geral, contraem-se durante as relações sexuais mas, por vezes, são provocadas pela chegada de bactérias às trompas durante um parto normal ou por um aborto, quer seja espontâneo, quer induzido.
A actinomicose (uma infecção bacteriana), a esquistosomíase (uma infecção parasitária) e a tuberculose também podem, esporadicamente, provocar uma inflamação pélvica. Finalmente, determinados procedimentos médicos, como a introdução de contraste durante certos exames radiográficos do aparelho reprodutor, podem provocar uma infecção.
Apesar de os sintomas poderem ser mais intensos num dos lados, em geral as duas trompas ficam afectadas. A infecção pode espalhar-se para a cavidade abdominal e provocar uma peritonite. No entanto, os ovários não costumam ser contagiados pela infecção, a menos que esta seja grave.
Sintomas
Os sintomas começam pouco depois da menstruação e são caracterizados por dores cada vez mais intensas na parte inferior do abdómen, que pode ser acompanhada por náuseas ou vómitos. Sobretudo ao princípio, muitas mulheres só têm febre baixa, dor abdominal entre suave e moderada, hemorragias irregulares e uma secreção vaginal escassa, o que torna difícil fazer o diagnóstico. À medida que a doença progride, a febre aumenta e sai pela vagina uma secreção semelhante ao pus, apesar de a infecção por Clamidia poder não provocar secreção.
Normalmente, a infecção obstrui as trompas de Falópio, que, em consequência, incham devido ao líquido retido no seu interior. Isto pode provocar dor crónica, hemorragia menstrual irregular e infertilidade. A infecção pode propagar-se às estruturas próximas e provocar cicatrizes e feixes fibrosos anormais (aderências) entre os órgãos do abdómen, o que provoca uma dor crónica.
Por outro lado, também se podem desenvolver abcessos (acumulações de pus) nas trompas, nos ovários ou na pélvis. Se a administração de antibióticos não eliminar os abcessos, deve-se recorrer à drenagem (esvaziamento) cirúrgica. Se um abcesso rebenta (se verte o pus dentro da cavidade pélvica), a dor da parte inferior do abdómen torna-se muito intensa e é acompanhada de náuseas, vómitos e tensão arterial muito baixa (choque). Este tipo de infecção pode atingir a circulação sanguínea (sepse), situação que pode ser mortal. (Ver secção 17, capítulo 175) Um abcesso perfurado exige sempre cirurgia urgente.
Anexite
Inflamação das trompas de Falópio pela introdução de germes. Podem até formar-se abcessos.


Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico pressente-se a partir dos sintomas. A mulher sente uma dor considerável quando o médico mobiliza o colo uterino ou pressiona as áreas circundantes durante um exame pélvico ou quando palpa o abdómen.
A contagem de glóbulos brancos está, com frequência, elevada. Geralmente, colhem-se amostras do colo uterino e, às vezes, também do recto e da garganta, com o fim de as cultivar e as examinar ao microscópio para identificar o microrganismo causador da infecção. Também se pode fazer uma culdocentese, um procedimento pelo qual se introduz uma agulha dentro da cavidade pélvica através da parede vaginal, com o fim de obter uma amostra de pus. Se persistirem dúvidas acerca do diagnóstico, pode-se examinar o interior da cavidade abdominal com um tubo de fibra óptica (laparoscópio). O tratamento consiste na administração de antibióticos logo que se tenham extraído as amostras para a sua cultura e estudo. Geralmente, a mulher é tratada em casa, mas se a infecção não melhorar em 48 horas, deve ser hospitalizada. No hospital, são administrados dois ou mais antibióticos por via endovenosa para eliminar a infecção da forma o mais completa e rápida possível. Quanto mais prolongada e grave for a inflamação, maior será o risco de infertilidade e de outras complicações.

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