Manual de Teratogênse em Humanos


Finalmente alguém ouviu meu pedido e a FEBRASGO (federação brasileira das associações de ginecologia e obstetrícia) lançou esse ano um Manual de Teratogênese em Humanos, que esclarece todas as dúvidas sobre medicamentos, tratamentos dermatológicos, alimentos, cosméticos, plantas medicinais, radiação, etc. em GESTANTES.  Todo ginecologista membro da Sociedade de Ginecologia, no Brasil, deve ter recebido este manual, mas como vocês não tem acesso, selecionei algumas coisinhas interessantes e trouxe pra cá!

ADOÇANTES: até hoje não ficou demonstrado que sejam nocivos para o feto, mas alguns tipos devem ser evitados ou consumidos moderadamente durante a gestação. A conclusão mesmo é que deve-se respeitar a dose diária de 50mg/kg de peso da gestante segundo o FDA e 40mg/Kg segundo a legislação brasileira. O Adoçante de escolha na gestação é o Aspartame, desde que não seja consumido por portadoras de fenilcetonúria. E na lactação, o aumento de aspartato e fenilalanina no leite, provocado pelo uso do aspartame, parece ser insignificante, quando comparado com as flutuações normais de aminoácidos no leite materno.  São exemplos: Finn, Gold, Zero Cal.

O FDA NÃO recomenda o uso de sacarina na gestante e de ciclamato,  na população geral.
Tratamentos Dermatológicos

BOTOX: deve ser evitado na gestação porque não há estudos adequados e controlados em gestantes
DMAE: utilização cosmética pelo efeito lifting. Testes em animais não evidenciaram teratogenicidade, mas faltam estudos em humanos.
ÁCIDO AZELAICO: no tratamento de acne, melasma e antineoplásico. O uso oral em animais não mostra efeitos teratogênicos, mas faltam estudos em humanos. Na amamentação, é improvável que ocorram efeitos nos lactentes de mães em uso de preparações tópicas.
ÁCIDO GLICÓLICO: tratamento de queratoses, verrugas, marcas de envelhecimento. Não há relato de toxicidade em humanos.
ÁCIDO SALICÍLICO: estudos demonstraram malformações em ratos, portanto deve ser evitado na gestação. Não se sabe sobre a excreção do ácido salicílico no leite humano.
CLINDAMICINA de uso tópico: FDA classifica como categoria B, ou seja, possibilidade de dano muito remota.
ERITROMICINA tópica: estudos não mostraram evidências de teratogenicidade
CORTICOIDES tópicos: não há evidência de teratogenicidade, mas deve ser evitado o uso prolongado, mas nunca foi descrito efeito adverso para corticoides tópicos.
PERÓXIDO DE BENZOILA: danos ao feto são improváveis. Já a segurança para lactentes é desconhecida.
TRETINOINA: quando administrado por via tópica a sua absorção é insuficiente para produzir exposição ao feto. Especialistas não consideram o uso tópico como fator de risco para o feto. Mesmo assim, faltam estudos e o uso na gestação e lactação deve ser evitado.
ISOTRETINOINA: sua aplicação local não apresenta risco teratogênico.
ADAPALENO: faltam estudos em gestantes. Em animais não foi verificado efeito teratogênico. Na amamentação não deve ser usado porque a quantidade excretada no leite materno é desconhecida.
TAZAROTENO: aprovado para tratamento de acne e psoríase.
ÁCIDO TRICLOROACÉTICO (TCA): seguros em toda a gravidez
Cabelos!

Alisamento: Quando são utilizados Hidróxido de sódio ou potássio ou combinação de hidróxido de cálcio e carbonato de ganidina, não foram encontrados problemas na gestação de humanos, mas não existem estudos epidemiológicos que permitam garantir a segurança na gestação. O formol provocou diversas alterações em animais, mas outros estudos não evidenciaram defeitos teratogênicos. OBS: essa semana saiu uma matéria com a informação que o uso de formol está proibido pelo risco de causar câncer em humanos.Aloe: um estudo em animais observou aumento de abortamento em quem recebeu aloe no início da gestação, mas outro estudo não confirmou esta observação.
Descolorantes: peróxido de hidrogênio e persulfato de amônia: consta no manual: "costumam envolver doses muito pequenas na exposição". ??
Permanente: não existem evidências de teratogenicidade.
Tinturas: a absorção é muito pequena e não demonstra teratogenicidade. Efeitos tóxicos só ocorrem se a gestante se intoxicar em caso de absorção digestiva ou exposição industrial. Mesmo nos produtos com acetato de chumbo, a exposição é muito pequena e não prejudica o feto.
Amônia: graças à capacidade de excreção fisiológica de compostos nitrogenados (quando a função hepática materna está normal) é improvável que cause danos ao feto.
Benzoato de benzila: não houve evidência de efeitos teratogênicos.
Calêndula: não houve evidência de efeitos teratogênicos.
Cânfora: desde que usada por via tópica, não houve evidência de efeitos teratogênicos.
Hidroquinona: baixo potencial teratogênico. Não foram localizados estudos de possíveis efeitos reprodutivos desse agente em humanos.
Lanolina: não houve evidência de efeitos teratogênicos.
Óxido de Zinco: não houve evidência de efeitos teratogênicos.

" Até hoje não há relação entre o uso tópico de cosméticos ou medicações e a ocorrência de malformações congênitas, mesmo quando estas substâncias se mostram comprovadamente teratogênicas se administradas por via sistêmica. A segurança é determinada principalmente pela baixa absorção que o uso tópico acarreta. porém, se usadas por um tempo prolongado, em áreas muito extensas da superfície corporal e em pele não íntegra, pode ocorrer aumento de absorção e o maior risco de complicações. Deve-se, via de regra, utilizar a menor dose eficaz da medicação pelo menor tempo possível, assim como para qualquer medicamento, por qualquer via, para qualquer pessoa, gestante ou não".

Emagrecedores 

SIBUTRAMINA: sem relatos de malformações, porém faltam estudos de maior poder para liberar seu uso na gestação e amamentação. 

ORLISTATE: (Xenical) Estudos em animais não demonstraram efeitos teratogênicos. Em humanos, os dados são escassos

ANFETAMINAS: não recomendado. Defeitos cardíacos, cerebrais e redução dos membros estão associados.

Radiodiagnósticos 

Nenhum método radiodiagnóstico deve ser negado à gestante. Não apresentam potencial teratogênico comprovado. Geralmente envolvem doses entre 0.02 e 5 rad. Existe um gráfico que mostra a exposição fetal à radiação de acordo com a área do corpo da mãe que vai ser submetida ao Raio X. As doses usuais nos exames de raio x não ultrapassam 5 rads, sendo assim, não há associação com o risco de malformações. 
Bronzeamento artificial: não há comprovação para defeitos de malformações. Porém, os aceleradores de bronzeamentos orais devem ser evitados pelo risco carcinogênico. 
Ressonância Magnética: não é ionizante e não causa efeitos no feto. 
Laser: mais estudos são necessários para revelar seu potencial teratogênico
Ultrassom: não utiliza radiação. Como utiliza frequencia menor que 110mW não apresenta risco ao feto.
Ultrassom terapêutico: não deve ser usado na gestação devido à hipertermia, pois usa maior intensidade de energia. 

Plantas medicinais

Boldo, Arruda, Buchinha do Norte, Cipó-mil-homens, Consólida, Erva de Santa-Maria, Losna, Melão de São-Caetano, Pinhão -de-purga e Poejo são plantas que NÃO devem ser usadas na gestação. 
 

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