Mioma
Mioma é um tumor benigno originado no tecido muscular liso. Existem dois tipos: leiomioma e rabdomioma.
Descrição
Os miomas são tumores benignos, não são cancerosos e a probabilidade de se transformarem nessa doença é extremamente baixa, é de 0, 05 %.
Podem aparecer a partir da puberdade, mas a idade de maior incidência é a quarta década de vida e com uma maior incidência em indivíduos de raça negra.
Normalmente tendem a crescer acentuadamente durante a gravidez, devido ao aumento dos níveis hormonais. Após a gestação,
geralmente os miomas retornam ao seu tamanho anterior.De salientar que
com a menopausa, tendem a regredir ou mesmo desaparecer, devido à
diminuição das hormonas no corpo feminino.
As causas exactas do aparecimento dos miomas ainda não são bem
conhecidas, mas acredita-se que haja uma predisposição genética quanto
uma maior sensibilidade à estimulação hormonal (principalmente estrogênio) nas mulheres que apresentam miomas.
Os miomas variam em tamanho, em alguns casos podem causar um
crescimento acentuado do útero, simulando uma gravidez de até 5 ou 6
meses.
Sintomas
- A maioria dos miomas é assintomática;
- Períodos menstruais prolongados e com fluxo aumentado, sangramentos fora de época, por vezes com coágulos, podendo levar à anemia;
- Aumento da intensidade das cólicas menstruais;
- Sensação de pressão ou desconforto causado pelo tamanho e peso dos miomas que pressionam as estruturas adjacentes;
- Dor durante a relação sexual;
- Pressão no sistema urinário;
- Prisão de ventre e retenção de gases;
- Aumento do volume abdominal que pode ser mal interpretado como sendo ganho progressivo de peso e até mesmo gravidez
A dificuldade para engravidar é frequente em pacientes com miomas uterinos, já que isso pode levar a alterações do órgão. Porém, isso não acontece a todas as doentes.
Diagnóstico
Na maioria das vezes são descobertos em exames de rotina, ou pode ser
suspeitado devido ao aumento do tamanho do abdomen, que pode levar a
mulher a pensar que apenas engordou um pouco ou até que está grávida.
Durante o exame, pode-se palpar uma massa de localização sugestiva de
ser uterina. O principal exame utilizado é a ultra-sonografia (exame
indolor), que pode demonstrar a presença do mioma e também a sua
localização.Os miomas podem se localizar em diversas partes do útero.
Existem 4 tipos de mioma, os subserosos, os intramurais, os submucosos e
os pediculados.
- Subserosos: aparecem e desenvolvem-se abaixo da camada externa do útero e expandem-se através dela, dando ao útero uma aparência nodular. Normalmente não afectam o fluxo menstrual, mas podem causar dores no baixo ventre, na região lombar e uma sensação de pressão no abdomen.
- Intramurais: desenvolvem-se na parede do útero e expandem-se para o interior, aumentando o tamanho do útero. É o tipo mais comum de mioma. Podem causar sangramento menstrual intenso e dores no baixo ventre e na região lombar e/ou sensação de pressão.
- Submucosos: estão justamente abaixo do revestimento interno do útero. É o tipo menos comum de mioma mas o que pode causar mais problemas.
- Pediculados: inicialmente crescem como subserosos e destacam-se
parcialmente do útero, ficando a ele ligado apenas por uma pequena
porção de tecido chamada de pedículo. Podem ser confundidos na
ultra-sonografia com tumores ovarianos.
Tratamento
Existem basicamente três tipos de tratamento:
Por medicamentos
É o primeiro passo no tratamento dos miomas. Esses medicamentos têm como objectivo controlar o sangramento, inibir o crescimento dos miomas ou reduzir o seu tamanho.
Os medicamentos mais indicados, quando se deseja a redução do tamanho dos miomas, são os chamados análogos. Criam uma aparente menopausa, reduzindo a liberação de estrogénio pelos ovários. São úteis também para controlar o sangramento.
Por cirurgia
Indica-se nos casos sintomáticos, nos miomas muito grandes, na presença de sinais de degeneração (alterações do tecido do mioma), e nos casos em que o mioma causa infertilidade. Existem a miomectomia e a histerectomia. Na primeira retira-se apenas o mioma, preservando-se o útero, para os casos em que a mulher quer preservar a capacidade de reprodução ou de menstruar (aproximadamente de 30% a 40% das mulheres que desejam engravidar de fato logram o objetivo após uma miomectomia). Na histerectomia retira-se o útero na totalidade. É o tratamento de escolha em mulheres que não querem mais engravidar.
Por embolização
Realiza-se com a colocação de um cateter dentro da artéria uterina que nutre o mioma, seguindo-se da injecção de agentes que levam à formação de êmbolos no interior da artéria, com interrupção do fluxo sanguineo. É considerado um procedimento minimamente invasivo e muito menos traumático que a miomectomia ou histerectomia.
É indicada principalmente quando a paciente deseja manter o útero.
Historicamente existe uma preferência dos médicos em aconselharem a histerectomia (ou miomectomia). A tendência atual, por outro lado, é recomendar a embolização como primeira alternativa. Um fator importante nessa decisão considera a preservação da fertilidade das mulheres submetidas à embolização. Cerca de 36% de pacientes que realizaram embolização, desejando ainda engravidar, o lograram.[1]
Resultados de pesquisas científicas mostram que 9 em 10 mulheres submetidas à embolização têm sucesso na eliminação dos sintomas. A redução do(s) mioma(s) varia caso a caso. De uma forma geral, ocorre uma redução de 50% nos primeiros três meses e pode chegar até uma redução de 90% em um ano.[1]
Referências
- ↑ a b Sítio WebMioma, http://www.webmioma.com.br/pg/embolizacao.html
Miomas: conviver em paz ou acabar com eles?
Miomas (ou fibromas ou leiomiomas) uterinos são os tumores benignos mais frequentes nas mulheres. Geralmente possuem crescimento lento e dependente de hormônio. Cerca de 30% das mulheres em idade fértil possuem miomas, está presente em mais de 40% das mulheres acima de 40 anos e metade das mulheres com miomas não apresentam sintomas. Faz diagnóstico diferencial entre o leiomiossarcoma uterino (tumor maligno, raro). Após a menopausa a tendência é que o tamanho dos miomas regrida. Existe forte relação familiar, sendo muito comum em quem tem mãe ou tias com miomas.O mioma pode aparecer em diferentes tamanhos e localizações no útero e, mais raramente, no colo do útero. No corpo do útero ele pode ser Subseroso, Intramural, Submucoso e também pode estar predominantemente em uma porção do útero com parte dele atingindo outra porção, como é o caso do mioma intramural com componente submucoso, por exemplo, ou estar completamente dentro da cavidade uterina preso apenas por uma base fina, como é o intracavitário pediculado. Não é incomum que este mioma seja expulso pelo próprio útero (mioma parido).
Ter ou não sintomas depende do tamanho, quantidade e localização do mioma. Os sintomas incluem dor pélvica, cólica, sangramento uterino aumentado, aumento do volume abdominal, dor em órgão adjacente por compressão, por exemplo, de bexiga ou intestino, e infertilidade (dependendo do caso).No caso de mulheres sem sintomas, os miomas podem ser descobertos através da ultrassonografia de pelve ou transvaginal. O ginecologista pode suspeitar de mioma durante a consulta, ao ouvir as queixas da paciente ou durante o exame de toque. Outros exames como a ressonância magnética de pelve e a vídeo-histeroscopia são úteis em situações específicas.O tratamento depende de cada caso: presença ou não de sintomas, de acordo com a idade da mulher, quantidade de miomas, o desejo de ter filhos, etc. O tratamento pode ser clínico conservador, cirúrgico conservador ou radical.Tratamento clínico: a primeira linha de tratamento dos miomas é o uso de anticoncepcionais. Sua utilização à longo prazo pode controlar o crescimento deste tumor e tratar os sintomas de dor e sangramento provocados pelos miomas. Outros medicamentos hormonais também podem ser utilizados na intenção de reduzir o tamanho do tumor e assim, facilitar sua retirada cirúrgica.
Quando eu penso em miomas eu penso que por algum motivo a paciente está produzindo estrogênio e progesterona de forma desequilibrada, com exposição excessiva ao estrogênio e pouca progesterona para contrabalançar. Assim, o anticoncepcional oferece esses hormônios de forma equilibrada, sem altos e baixos, e dessa maneira, tem a intenção de não deixar que eles cresçam e que não provoquem sintomas.
Tratamento cirúrgico conservador: quando se deseja conservar o útero realizamos a cirurgia para a retirada dos miomas, a Miomectomia, e pode ser realizada pelas técnicas de endoscopia ginecológica (histeroscopia ou laparoscopia) ou pela laparotomia (é a cirurgia aberta com um corte horizontal no abdome, como o da cesariana ou um corte vertical). A cirurgia histeroscópica é realizada pela via transvaginal e retira miomas que estão dentro da cavidade uterina (os submucosos) e é um procedimento realizado através de um aparelho comprido contendo luz, câmera e entrada para instrumentos que vão operar o útero por dentro. A laparoscopia também é uma cirurgia minimamente invasiva que permite operar o interior do abdome através de pequenas incisões ou furinhos no próprio abdome, por onde passam os instrumentos de trabalho.Laparoscopia
Laparotomia
Miomectomia por Histeroscopia A laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva que pode retirar miomas com excelente recuperação pós-operatória, menor tempo de internação, menos uso de medicamentos, menos riscos de infecção, aderências e hemorragias, que a miomectomia aberta (laparotômica). Hoje em dia, alguns miomas grandes podem ser retirados por laparoscopia devido a um aparelho que reduz o tamanho dele dentro do abdome e o retira por um tubo que tem apenas 12mm de diâmetro, o Morcelador.Útero miomatoso e o morcelador Contudo, o cirurgião deve estar habilitado e ter experiência para que essa técnica de miomectomia seja a melhor opção.A miomectomia convencional aberta não perde seu lugar nos casos de miomas com localização que dificultem o acesso por laparoscopia, por exemplo, e também quando há intercorrências durante a laparoscopia impossibilitando a continuidade desta.O ideal mesmo é que o ginecologista selecione o caso para cada técnica, isso é o primeiro passo para que se ofereça realmente o melhor tratamento para a paciente. Atualmente as técnicas cirúrgicas de eleição, na minha opinião, são a miomectomia histeroscópica e laparoscópica. A laparotomia é opção para miomas que não podem ser tratados pelas técnicas anteriores.
Tratamento cirúrgico definitivo ou radical: faz-se a retirada do útero (histerectomia total - quando se retira também o colo, ou subtotal, quando retira o útero, mas deixa o colo). A cirurgia pode ser realizada pela via vaginal ou abdominal (esta, através de laparoscopia ou da laparotomia).
Mais uma vez a escolha da técnica depende do caso e da experiência do cirurgião. Alguns úteros podem ser retirados tanto pela via vaginal quanto pela laparoscópica. Ambas oferecem excelente pós-operatório, curto tempo de internação e repouso, rápido retorno às atividades profissionais e pessoais e complicações raras. Mais uma vez considero a histerectomia aberta como a última opção (quando há contra-indicação para as demais técnicas). Também a decisão de retirar ou não o colo do útero depende do que o cirurgião considera o mais adequado de acordo com a idade da paciente, de possível dificuldade técnica para sua retirada, contudo, em qualquer caso, se a opção for histerectomia total deve ser afastada a possibilidade de doença no colo e a paciente deve ser informada que a rotina de realização de exames preventivos (Papanicolaou, citologia oncótica) permanecerá a mesma. A histerectomia vaginal é muito interessante quando não se espera encontrar aderências pélvicas e quando a vagina oferece boa amplitude que não limite a técnica. Também é indicada nos casos de prolapso uterino e quando há necessidade de correção de perineo. Quando a paciente já se submeteu à diversas cirurgias pélvicas e o cirurgião necessita operar também um tumor grande de ovário ou necessita investigação da cavidade pélvica, a histerectomia video-laparoscópica é a ideal. Mas em casos em que há contra-indicação para estas técnicas e quando o cirurgião não tem experiência com a videocirurgia, a cirurgia convencional é a opção. Mesmo que o ginecologista não tenha experiência com um ou outro tipo de cirurgia ele deve conhecer suas indicações e contra-indicações e apresentar todas as técnicas e informar o melhor tratamento à paciente.
Outros tratamentos conservadores, mais recentes são: embolização de miomas e o Ex-Ablate.A Embolização de miomas consiste na interrupção do fluxo sanguíneo para o mioma, como se o mioma infartasse. Através de uma punção na artéria femoral (localizada na virilha) é introduzido um cateter até chegar à artéria uterina. Então, micro-esferas são lançadas e elas chegam aos vasos menores que serão obstruídos. Assim, o sangue não consegue mais chegar ao mioma e este “morre”, não sendo mais capaz de crescer, provocar dor ou sangramento e ainda podem reduzir de tamanho pela falta de nutrição sanguínea. O procedimento é realizado por radiologista intervencionista ou cirurgião vascular especializado, sob anestesia (preferencialmente raquianestesia), em regime hospitalar, dura cerca de 40 minutos e a paciente recebe alta em até 24 horas.
Essa técnica é ideal para pacientes que sofrem com hemorragias ou qualquer tipo de sangramento anormal provocados por miomas. É opção para quem não quer ou não pode ser submetida a uma cirurgia maior. Porém, mesmo já tendo visto casos de mulheres submetidas a este tratamento que engravidaram depois, eu indico embolização para quem não deseja ter mais filhos, pois ela pode provocar, mesmo sendo uma complicação rara, a falência ovariana interrompendo a capacidade fértil da mulher. Outra coisa que a paciente deve saber é que os miomas continuarão lá, mas o que se espera da embolização é que o mioma tratado não cresça e não provoque sintomas. Por fim, este procedimento é coberto pelos planos de saúde e há equipes especializadas em várias cidades no mundo.O ExAblate é um procedimento ambulatorial que utiliza ultra-som focalizado no mioma, guiado por ressonância magnética com contraste. A ressonância oferece a informação anatômica do mioma em 3D. O Ultrassom focaliza o alvo e emite energia em alta temperatura que “queima” o mioma escolhido. Logo após, a mesma ressonância informa se a destruição do mioma tratado foi obtida com sucesso, se foi parcial ou se houve falha. O procedimento é ambulatorial, com rápido retorno às atividades usuais. A paciente permanece deitada de bruços e acordada, recebe anestesia sob forma de sedação leve (na veia) e recebe alta em menos de 3 horas. Veja com detalhes no site
O hospital Barra D`Or, no Rio de Janeiro é o primeiro na América Latina a oferecer esta técnica. Assim como a embolização, após o tratamento o mioma permanece na paciente, mas sem crescer e provocar sintomas. Como o feixe de energia é lançado diretamente sobre o mioma a ser tratado, não vejo risco em provocar lesões nos ovários. Porém a técnica não deve ser aplicada em quem tem cicatrizes abdominais.Fonte: Toque Ginicológico
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