Perturbações menstruais



As perturbações menstruais mais frequentes são a síndroma pré-menstrual (SPM) e a dor que surge durante a menstruação (dismenorreia). Um conjunto de inter acções hormonais (que se caracterizam por uma extrema complexidade) controlam o início da menstruação durante a puberdade, os ritmos e a duração dos ciclos enquanto a mulher é fértil e o fim da menstruação na menopausa. O controlo hormonal da menstruação começa no hipotálamo (a parte do cérebro que coordena e controla a actividade hormonal) e na hipófise, glândula localizada na base do cérebro, e, finalmente, é determinado pelos ovários (Ver secção 22, capítulo 232) As hormonas segregadas por outras glândulas, como as supra-renais, também afectam a menstruação.
Síndroma pré-menstrual

A síndroma pré-menstrual (SPM) (perturbação disfórica pré-menstrual, perturbação disfórica da última fase luteínica) é uma situação caracterizada por nervosismo, irritabilidade, instabilidade emocional, depressão, cefaleias, edema e hipersensibilidade dolorosa dos seios, que aparece entre 7 e 14 dias antes do início do período menstrual.
 
A síndroma pré-menstrual parece estar relacionada com as flutuações nos níveis de estrogénios e de progesterona que se verificam durante o ciclo menstrual. Os estrogénios provocam retenção de líquidos, o que provavelmente explica o aumento de peso, o edema, a dor mamária e o seu aumento de volume. Da mesma forma, outras alterações hormonais e metabólicas estão envolvidas nesta síndroma.
Sintomas
O tipo e a intensidade dos sintomas variam de mulher para mulher e de um mês para outro. O amplo leque de sintomas físicos e psicológicos pode alterar temporariamente a vida da mulher. As mulheres epilépticas podem ter mais ataques do que o habitual e as que sofrem de doenças do tecido conjuntivo (como o lúpus eritematoso sistémico ou a artrite reumatóide) podem sofrer episódios de vermelhidão.
Em geral, os sintomas aparecem uma ou duas semanas antes da menstruação, durante entre poucas horas e 14 dias, e desaparecem quando se inicia o fluxo menstrual. Em mulheres pré-menopáusicas, estes sintomas podem persistir durante toda a menstruação e depois da mesma. Todos os meses, aos sintomas da síndroma pré-menstrual segue-se frequentemente uma menstruação dolorosa.
Tratamento
As flutuações nos valores de estrogénios e de progesterona no sangue são menos acentuadas se forem administrados contraceptivos orais combinados, ou seja, que contenham estrogénios com progesterona. A retenção de líquidos e a distensão são aliviadas diminuindo o consumo de sal e tomando um diurético suave, como a espironolactona, imediatamente antes do momento em que se espera que os sintomas comecem. Outras alterações na dieta, como a redução da quantidade de açúcar, de cafeína e de álcool, o aumento do consumo de hidratos de carbono e o comer com maior frequência, também podem ser eficazes. Os suplementos dietéticos que contêm cálcio e magnésio podem ser benéficos. A ingestão adicional de vitamina B, em especial B6 (piridoxina), pode reduzir alguns sintomas, apesar de os benefícios da vitamina B6 terem sido questionados recentemente e uma dose demasiado elevada poder ser até prejudicial (doses tão pequenas como as de 200 mg por dia foram associadas a lesões nos nervos). Os fármacos anti-inflamatórios não esteróides (AINE) aliviam as dores de cabeça, a dor provocada pelas contracções uterinas e a dor nas articulações.
A prática de exercício e a redução do stress (fazendo exercícios de meditação ou de relaxamento) podem ser úteis para tratar o nervosismo e a agitação. A fluoxetina pode melhorar a depressão e outros sintomas e a buspirona ou o alprazolam, administrados durante um curto período de tempo, podem diminuir a irritabilidade e o nervosismo e ajudam a reduzir o stress. No entanto, o tratamento com alprazolam pode criar dependência do fármaco. Por vezes, pode ser pedido à paciente que registe os seus sintomas num diário para determinar a eficácia do tratamento.
Dismenorreia
A dismenorreia é uma dor abdominal provocada pelas contracções uterinas, que surge durante a menstruação.
Denomina-se dismenorreia primária quando não se encontra nenhuma causa subjacente e dismenorreia secundária quando a causa é uma doença ginecológica. A dismenorreia primária é muito frequente e afecta mais de 50 % das mulheres; é grave em 5 % a 15 % delas. Começa, normalmente, durante a adolescência e pode ser tão intensa ao ponto de interferir na actividade quotidiana da mulher e, consequentemente, provocar absentismo escolar ou laboral. A dismenorreia primária tem tendência para diminuir de gravidade à medida que o tempo passa e depois de uma gravidez. A dismenorreia secundária é menos frequente e afecta aproximadamente 25 % das mulheres.
Crê-se que a dor da dismenorreia primária é o resultado das contracções do útero ao reduzir-se a quantidade de sangue que chega ao seu revestimento interno (endométrio). A dor só surge durante os ciclos menstruais em que é libertado um óvulo e pode piorar quando o endométrio que se desprende durante um período menstrual passa pelo colo uterino, sobretudo quando o canal cervical é estreito, como acontece, por exemplo, após um tratamento de determinadas doenças cervicais. Outros factores que podem agravar o quadro são uma má posição do útero (retroversão uterina), a falta de exercício e o stress psicológico ou social.
Uma das causas mais frequentes de dismenorreia secundária é a endometriose. (Ver secção 22, capítulo 237) Também os fibromas e a adenomiose (invasão benigna da parede muscular do útero por parte do seu revestimento interno) podem provocar este problema. A inflamação das trompas de Falópio e as ligações fibrosas anormais (aderências) entre órgãos provocam uma dor abdominal suave, vaga, contínua ou mais grave, localizada e de curta duração. Cada um destes tipos de dor piora durante a menstruação.
Sintomas
A dismenorreia provoca uma dor na parte inferior do abdómen que se estende até à parte inferior das costas ou às pernas. A dor pode consistir em cãibras que aparecem e desaparecem ou, então, pode tratar-se de uma moinha constante. Em geral, começa pouco antes da menstruação ou durante a mesma, atinge o seu máximo depois de 24 horas e ao fim de 2 dias. Muitas vezes a mulher tem cefaleias, náuseas, obstipação ou diarreia e sente necessidade de urinar com frequência. Por vezes tem vómitos. Os sintomas da síndroma pré-menstrual, como irritabilidade, nervosismo, depressão e dilatação abdominal, podem persistir durante parte do tempo em que dura a menstruação ou ao longo de toda ela. Às vezes saem coágulos ou fragmentos do tecido de revestimento interno uterino, o que provoca dor.
Tratamento
Geralmente a dor é eficazmente aliviada com fármacos anti-inflamatórios não esteróides, como o ibuprofeno, o naxopreno e o ácido mefenâmico. Estes fármacos são mais eficazes se a sua administração começar 2 dias antes da menstruação e continuar durante o primeiro e segundo dias do fluxo menstrual. As náuseas e os vómitos são aliviados com um medicamento para as náuseas (antiemético), mas estes sintomas costumam desaparecer, sem tratamento, à medida que as contracções diminuem de intensidade. Descansar o suficiente, dormir e fazer exercício físico com regularidade também pode ajudar a reduzir os sintomas. Se a dor continuar até ao ponto de interferir com a actividade normal, pode ser suprimida a ovulação com contraceptivos orais que contenham doses baixas de estrogénios e de progesterona ou com medroxiprogesterona de acção prolongada. Se estes tratamentos não forem eficazes, é possível que se tenham de fazer mais testes complementares, como uma laparoscopia (um procedimento em que se utiliza um tubo de fibra óptica para examinar a cavidade abdominal).
O tratamento da dismenorreia secundária depende da sua causa. Se se tratar de um canal cervical estreito, pode proceder-se à sua dilatação cirúrgica, o que proporciona entre 3 e 6 meses de alívio. Quando o tratamento não dá resultado e a dor é muito intensa, a desconexão dos nervos que vão ao útero pode ser benéfica. As complicações deste processo incluem lesões noutros órgãos pélvicos, como os ureteres. Por outro lado, também se pode recorrer à hipnose ou à acupunctura.

Perturbações menstruais
Problema Termo médico
São vários os sintomas físicos e psicológicos que surgem antes de um período começar Síndroma pré-menstrual (SPM)
Dor durante a menstruação Dismenorreia
Ausência de menstruação Amenorreia
A menstruação nunca apareceu Amenorreia primária
A menstruação é interrompida Amenorreia secundária
A menstruação é demasiado longa e intensa Menorragia
A menstruação é anormalmente ligeira Hipomenorreia
A menstruação é demasiado frequente Polimenorreia
A menstruação é muito pouco frequente Oligomenorreia
Há hemorragias entre as menstruações ou sem relação com elas Metrorragia
A hemorragia é profusa e totalmente irregular em frequência e duração Menometrorragia
Aparecimento de hemorragia depois da menopausa Hemorragia pós-menopáusica

Sintomas da síndroma pré-menstrual
Alterações físicas
  • Dor de costas
  • Distensão
  • Dor e inchaço dos seios
  • Alterações no apetite
  • Obstipação
  • Vertigem
  • Desfalecimento
  • Dores de cabeça
  • Sensação de peso ou pressão na zona pélvica
  • Afrontamentos
  • Insónia
  • Falta de energia
  • Náuseas e vómitos
  • Cansaço intenso
  • Problemas cutâneos, como o acne e a dermatite com prurido localizado
  • Edema dos tecidos ou dor nas articulações
  • Aumento de peso
Alterações de humor
  • Agitação
  • Ira
  • Depressão
  • Irritabilidade
  • Alterações de estado anímico
  • Nervosismo
Alterações mentais
  • Confusão
  • Dificuldade de concentração
  • Perda de memória ou esquecimentos


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